Nem tudo começa aqui e nem tudo acaba aqui

Uma viagem conduzida por:

sexta-feira, novembro 30, 2007

A Linha do Destino


Entre o existir,

e o não existir,

há uma linha a ser cumprida.

Ou se cumpre,

ou não se cumpre,

é sempre o destino que a dita...

domingo, novembro 25, 2007

Astronomia para principiantes


Entre salvar o mundo e salvar-me a mim próprio escolho salvar o sonho
...entre o ontem e o hoje opto, sem pensar duas vezes, pelo amanhã.
Sempre gostei da cirúrgica precisão das grandes engrenagens
e a grande máquina cósmica merece todo o meu respeito e confiança.

Para provar o que digo proponho-me cartografar a superfície da lua.
Agora não sei se faça um mapa lunar
ou um mapa lunático.

Nos dias que correm é mais fácil ser louco
do que chegar a ser um cientista...

Mas não será a loucura também uma forma de ciência?

terça-feira, novembro 20, 2007

Labirinto


" Perdido num labirinto onde nem as palavras lhe pareciam reais, cansado da envolvente e enebriante névoa que parecia tomar-lhe a mente dia após dia... buscava em cada imagem a fuga de um outro eu...
Parecia-lhe poder vislumbrar a côr do silêncio, a magia que encerra cada palavra... o lugar onde cada poema nasce e morre. "

quinta-feira, novembro 15, 2007

Na encruzilhada

Eu não sei ver o futuro, eu não sei ler as palmas das mãos... Ainda assim, ainda que o pudesse fazer, creio que o meu pessimismo natural não me impediria de olhar para o amanhã com despeitada desconfiança.

Por isso não te posso prometer que o nosso amor ascenda a alturas tão elevadas quanto as que atingem as asas dum pássaro...

A vertigem é difícil de suportar quando os nossos pés nunca se elevaram do chão... e é mais difícil voar quando o desfiladeiro de onde nos queremos lançar nos fica do lado de dentro dos olhos.

Para te sossegar não posso fazer melhor do que dar-te a mão e convidar-te a caminhar comigo... dizer-te que o medo é bom ...desde que não nos deixemos dominar por ele.

Eu sou a tua asa esquerda e tu és a minha asa direita, é minha a tua asa direita e tua a minha asa esquerda.

Porém, não existe pássaro algum que jamais volte poisar a terra mãe... um dia, mais tarde ou mais cedo, lá teremos de aterrar desajeitadamente nos escombros dum qualquer castelo em ruínas...

Ah! Se pudessemos manter o fôlego num abrasador e eterno beijo que devorasse e digerisse o mundo à nossa volta! Então tudo seria tão diferente!...


O teu corpo é o relógio mágico do tempo presente... é na tua pele que salto do passado para o futuro... os teus lábios são os ponteiros que misturam o som distante do mundo com o arfar da minha respiração...

É na magia da tua presença que me sinto mais vivo do que aquilo que alguma vez me atrevi a imaginar...

Tu és o habitat natural onde vive o meu verdadeiro Eu...

Houve uma noite, há muitos anos atrás, em que sonhei com uma esfinge misteriosa da mulher da minha vida, mas o despertador tocou e deixou-me sem saber se a minha love story tinha ou não um happy end... desculpa se não consigo evitar estar constantemente a espreitar por cima do meu ombro à procura do momento em que o despertador comece a tocar...

Mas, curiosamente, na noite em que me esqueci de ligar o despertador, acordei mais cedo do que aquilo que pretendia...

domingo, novembro 11, 2007

A Guardiã


" - Além habita a guardiã dos teus sonhos,

aquela que um dia te guardou da noite fria da madrugada,

quando o vazio tomou conta da tua alma... "

quinta-feira, novembro 08, 2007

O Aviador sem Brevet



Não me lembro da última vez que poisei os pés no chão.

Já não falo há tanto tempo que receio esquecer o som das palavras.

Nem sei entender se o tédio é tédio ou simplesmente a ausência das distrações do mundo.

Por outro lado, aprendi que as horas mortas são contadas por um cronómetro que corre no sentido contrário e me leva ao antes do antes do princípio.

Se me entrevistasse a mim próprio, que perguntas me colocaria de modo a explicar ao mundo a minha proeza?

A que perguntas deveria eu responder para conseguir dizer que eu sou os olhos dum cego, as pernas dum paralítico, os ouvidos e a boca dum surdo-mudo no projecto impossível duma volta ao mundo em 80 palavras?

Na realidade, as perguntas que me faça não interessam minimamente.

Por esta razão não poderia deixar de dar uma mesma e única resposta a todas as hipotéticas perguntas:

- Ao voo rasante dos dias nada sobrevive para além do medo e do amor.

quarta-feira, novembro 07, 2007

[ O Canto dos Mares ]



A melodia da imensidão dos Mares convida-nos a entrar num Universo onde tudo é possível.
Os Mares cantam as melodias da nossa infância, relatam as histórias que os nossos avós nos contaram e que nós ouvíamos atentamente, abrem as portas do nosso castelo mais íntimo onde um imenso tesouro espera para ser tocado... desvendam-nos o dia em que o nosso próprio reflexo brilha nos olhos de alguém... e onde caminhar na água se revela, não como um milagre, mas como uma certeza.

domingo, novembro 04, 2007

Entreposto



Posso ver a luz da madrugada dum novo dia a espreitar por detrás da montanha secreta da minha alma...

Noutros tempos passaria este dia a tentar corrigir os erros do passado, pois amanhã poderia sempre corrigir os erros que cometesse hoje a tentar corrigir os do passado... mas contigo aprendi que é menos importante corrigir os erros do passado do que evitar os erros do presente...

Estás a tornar-te a minha fraqueza predilecta... o meu calcanhar de Aquiles de eleição...

Eu já tinha aprendido a viver sem medo, a não esperar nada, nem de bom nem de mau... mas então apareceste tu... e, quando chegaste, viajava um medo bom no brilho do teu olhar, sentado lado a lado com um medo mau, que se vem apeando no beijo de despedida da tua sombra à minha sombra...

Cada vez que me despeço de ti sinto um aperto no coração como se esta tivesse sido a última vez que nos vissemos...

Sempre que a tua mão escorrega da minha, agarro-te com o meu olhar num sublime e derradeiro esforço de não te perder ainda mais esta vez...

Porém, cada vez que dobras a esquina do tempo, sobra-me a vontade de desmascarar o mito de que comigo as coisas boas até acontecem, embora aconteçam por muito pouco tempo...

Arquivo do blogue