Nem tudo começa aqui e nem tudo acaba aqui

Uma viagem conduzida por:

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

A Árvore Fantasma


No caminho de regresso tomou a mata em que tantos e belos momentos haviam partilhado... Foi com algum choque e surpresa que se apercebeu que a árvore onde haviam gravado com um canivete os seus nomes dentro dum coração havia sido cortada. Estendeu a mão e tocou o vazio. De alguma maneira a promessa vivia ainda no fantasma da memória... em certa medida aquela árvore era indestrutível e estava para além do alcance do machado de qualquer lenhador. Sentiu os pingos duma chuva miudinha a escorrerem-lhe pelo rosto. Retomou o caminho, não se podia atrasar para o encontro. Ao dobrar a esquina da estrada que descia o monte virou-se para olhar o coto da outrora viçosa árvore. Talvez fosse um efeito de luz provocado pelo vento e pelas nuvens, mas poderia jurar que a chuva desenhava o contorno do tronco, ramos e folhagem da imponente gigante.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

[ Pensamentos ao anoitecer... ]


" Tinha-lhe prometido que regressaria... nunca poderia faltar a quem consigo partilhou o luar... as estrelas... o vale... o seu secreto mundo...
Tinham passado alguns anos e uma pergunta surgia sempre na sua mente... encontraria a mesma pessoa? Aquele olhar seria o mesmo?
Qual o Tempo Cósmico para se viver um momento como o que viveu?
A música que escutou.... há algum tempo atrás, dizia isso mesmo... «... há quem espere uma vida inteira por um momento como aquele....» e hoje relembrava aquela música... "

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

A Peregrinação


Não sabia como voltar a encará-la... Seria mais fácil voltar atrás e esquecer tudo. Ao fim e ao cabo, embora tivesse ficado no ar a promessa duma promessa, não lhe prometera nada.

Os pés colavam-se-lhe ao chão como se presos por uma força maior do que a própria gravidade: o medo.

E se ela não estivesse lá? E se ela, muito legitimamente, não tivesse acreditado nele? Afinal que nome dar a estas hesitações de última hora que não cobardia?

[ Eu estarei lá... haja o que houver... venha o que vier... ]



" Aquela promessa feita pelo profeta deu-lhe um ânimo à alma que nunca sentira antes... «Eu estarei lá... haja o que houver... venha o que vier...»... seria mesmo assim? Seria uma promessa eterna? Ou teria um Tempo... como tudo no Cosmos?
Pelo modo como o ouvira dizer, pelo olhar intenso olhando nos seus olhos não teve qualquer dúvida... aquela promessa teria um Tempo de Eternidade maior do que qualquer outra coisa que já existiu ou existirá...
Subiu a colina e olhou o farol, testemunha silenciosa do que acabara de relembrar, e pensou «Eu sei que estarás lá... espera por mim... eu irei ter contigo, haja o que houver venha o que vier... »

domingo, fevereiro 15, 2009

[ O sentido sem sentido de um caminho... ]


“ E ele seguia o caminho que tantas vezes percorria, passo a passo, ouvindo o respirar do Tempo…
Nunca questionou a razão de ser daquela sua vida, daquele seu destino, nem sequer duvidava que pudesse ser diferente… «acomodara-se» pensava ele enquanto, devagar, o seu olhar se fixava nas aves que voavam ao longe, da côr do pôr-do-sol, daquela tarde de inverno...
Ele sabia que dentro de si havia perguntas às quais não queria responder, até o simples facto de pensar nelas lhe fazia um certo mal-estar, e, por isso mesmo, a solução de momento era sentir-se da côr daquelas aves que via todos os dias ao entardecer e esquecer a resposta às suas perguntas... “

sábado, fevereiro 14, 2009

A Visita


Durante a visita ao Palácio, uma mulher grávida acompanhava o grupo à distância de dois passos. O professor reparava nela pelo canto do olho de tempos a tempos, quando voltava ou levantava a cabeça para observar mais atentamente algum pormenor da imponente arquitectura ou da majestosa decoração do Palácio. Confessaria mais tarde que não lhe despertara grande atenção, pelo que não chegara a olhar bem para a cara dela. Ao subir a escada o professor reparou que a mulher afinal não estava grávida. Mais peculiar do que isso era o facto de se fazer acompanhar por uma criança muito pequena, mas que já andava pelo seu próprio pé. Voltou a não fitá-la com atenção, até porque não queria dar muito nas vistas. Enganara-se, com certeza. Algumas salas mais adiante, enquanto observava um magnífico castiçal, voltou a dar pela mulher pelo canto do olho... grávida! Ficou tão espantado que desta vez demorou os olhos nela. Apesar de a ter apanhado de perfil, a sua figura despertou-lhe um estranho sentimento de familiaridade. Donde é que a conhecia? Desviou o olhar antes que ela se apercebesse do seu interesse e seguiu para a sala seguinte. Alguns passos adiante, não resistiu... virou-se disfarçadamente para trás. E lá estava ela com o mesmo largo vestido, mas com o ventre liso. Dizia qualquer coisa à criança que com um ar traquinas mexia num cortinado... "Não mexas aí, senão ralham connosco." O miúdo também não era de todo estranho ao professor, embora não conseguisse recordar de onde o conhecia. Embasbacado e desconcertado seguiu caminho e não se atreveu a olhar de novo para trás.

Nessa noite, o professor acordou a meio dum sonho em que recordava quando a sua falecida mãe lhe dissera que visitara aquele palácio apenas por duas vezes: uma enquanto estava grávida dele e a outra quando o professor não tinha mais de três anos.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

[ Lugares de Outrora... ]


" Por onde quer que eu vá... caminho como se fossemos só um... "

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