Nem tudo começa aqui e nem tudo acaba aqui
Uma viagem conduzida por:
segunda-feira, maio 26, 2008
Um lugar no Tempo
E se não fosse a primeira vez que viajas por entre estas montanhas? O sentir que, de algum modo, pertences a este lugar, a este espaço de onde um dia partiste de asas ao vento...
No silêncio da madrugada tens a certeza de que parte dos sonhos o Tempo os guardou, nalgum recanto da imagem que guardas na tua memória...
E perguntas ao Tempo qual o teu lugar na imensidão...
Um dia... tu sabes... o Tempo te responderá...
quinta-feira, maio 22, 2008
A Voz dos Deuses
segunda-feira, maio 12, 2008
Nunca jogues às escondidas com o Tempo
- Nunca jogues às escondidas com o Tempo. - Advertira-o o seu mestre. - Não há como o ludibriar, nem forma de cantar vitória.
Fora ele que plantara aquele pinheiro. Se tivesse sido mais cuidadoso com certeza não teria crescido tão inclinado. Mas este era um argumento falacioso... Seria justo dizer que se o seu mestre tivesse sido mais cuidadoso ele não atravessaria momentos de tão indolente descrença e dúvida, tentando ocultar-se das garras do tempo? E para quê? Sabia que no fundo as mãos do Tempo eram suaves e macias como as duma mulher cega que tentava ler o seu rosto. Sim, porque não acreditar que o Tempo era uma mulher cega muito bela. Vistas bem as coisas o Tempo só seria masculino na palavra... palavra... palavra ela própria feminina. Era com a sua vida que ele fecundava o tempo, dando vida ao momento. Na realidade, não importava saber se o Tempo o podia ver ou não... Cego era ele para ver o tempo.
Aparte de todas as considerações sobre o estado oftalmológico do tempo, como se poderia ele esconder de algo que não vê?
Fora ele que plantara aquele pinheiro. Se tivesse sido mais cuidadoso com certeza não teria crescido tão inclinado. Mas este era um argumento falacioso... Seria justo dizer que se o seu mestre tivesse sido mais cuidadoso ele não atravessaria momentos de tão indolente descrença e dúvida, tentando ocultar-se das garras do tempo? E para quê? Sabia que no fundo as mãos do Tempo eram suaves e macias como as duma mulher cega que tentava ler o seu rosto. Sim, porque não acreditar que o Tempo era uma mulher cega muito bela. Vistas bem as coisas o Tempo só seria masculino na palavra... palavra... palavra ela própria feminina. Era com a sua vida que ele fecundava o tempo, dando vida ao momento. Na realidade, não importava saber se o Tempo o podia ver ou não... Cego era ele para ver o tempo.
Aparte de todas as considerações sobre o estado oftalmológico do tempo, como se poderia ele esconder de algo que não vê?
domingo, maio 11, 2008
Operação Espírito
O Alquimista
" Não conseguia deixar de pensar naquela noite em que o seu avô lhe contara a história do Alquimista, o senhor de barbas brancas que poderia transformar os sonhos em realidade e, também, qualquer realidade em sonho.
Só agora a uma distância tão longa no Tempo entendeu as palavras que o seu avô lhe tentara dizer... se ele fechasse os olhos poderia sentir de novo aquele olhar tão meigo que só os avós possuem e ouvir de novo a sua voz a contar-lhe a sua própria história... a história do Alquimista..."
sábado, maio 10, 2008
Amigos para sempre
Deixara escrito na parede da sala de estar da casa de um dos seus companheiros de caminho:
"Sê bem vindo à corrente
meu caro amigo Marcelo,
que nunca rebente à amizade
um único elo."
Imortalizando pelos tempos vindouros não só a celebração de mais um aniversário, mas acima de tudo a celebração daquilo que os juntara em redor duma mesa bem recheada de comida e de bebida: uma amizade à qual os anos de separação não beliscariam minimamente, uma camaradagem que funcionava por inércia e um companheirismo que nunca necessitaria do combustível das palavras para funcionar.
quinta-feira, maio 08, 2008
Recortes do Tempo
" Ao longe ele sabia o que as nuvens lhe desvendavam um segredo, mas também sabia que não era ao pé dos seus amigos que alguma vez diria algo sobre a imagem que lhe lembrava aquela manhã em que percebeu que estava sózinho no maior Caminho que o Universo poderia entregar a alguém, e que o peso de tamanha solidão só era aliviado lá bem no alto, onde as nuvens escrevem o destino de quem as sabe ler... a Luz daquela manhã pertencia-lhe e disso ele tinha a certeza... "
Sempre e ainda mais que o sempre
quarta-feira, maio 07, 2008
A Curiosidade
O Estrangeiro sentia como os olhos dos seus concidadãos o seguiam para onde quer que fosse.
Interrogou-se sobre se não teria levado demasiado à letra a sua velha convicção de que a melhor forma de não sofrer era deixar de se importar.
Há muitos anos que o Estrangeiro não pensava na sua pátria, nos seus pais e nos seus amigos. Apesar de saber que não estava livre da acusação de não ser um bom patriota, um bom filho ou um bom amigo, nunca questionara a justeza da sua decisão.
Deixara de se importar para não sofrer a dor à ausência de si próprio e, consequentemente, não sofrer qualquer desvio à missão a que empenhara os seus dias.
Todavia, hoje não reconhecia ninguém quando caminhava na rua ou se sentava num café.
Não se enganara em relação à terra natal a que regressara? Não estaria duas povoações ao lado daquela que o vira nascer?
Não.
Este era o velho café onde em miúdo o Estrangeiro encetara uma volta ao mundo em oitenta segundos (o embrião de outras múltiplas viagens que mais tarde concretizaria) ao redor das mesas... da forma como só uma criança poderia realizar...
A intuição dizia-lhe que o empregado de balcão escondido atrás dum bigode branco deveria ser o mesmo desses dias... o grupo de senhoras idosas duas mesas à frente teria com certeza o hábito ritual do chá das cinco naquela mesma mesa desde antes do seu nascimento...
Porém, nenhuma reminiscência lhe provocavam e nada, para além de atónita curiosidade, lia nos olhares cruzados...
O Estrangeiro esquecera-se da pátria e a pátria esquecera-se do Estrangeiro... nada mais justo ou menos óbvio.
Interrogou-se sobre se não teria levado demasiado à letra a sua velha convicção de que a melhor forma de não sofrer era deixar de se importar.
Há muitos anos que o Estrangeiro não pensava na sua pátria, nos seus pais e nos seus amigos. Apesar de saber que não estava livre da acusação de não ser um bom patriota, um bom filho ou um bom amigo, nunca questionara a justeza da sua decisão.
Deixara de se importar para não sofrer a dor à ausência de si próprio e, consequentemente, não sofrer qualquer desvio à missão a que empenhara os seus dias.
Todavia, hoje não reconhecia ninguém quando caminhava na rua ou se sentava num café.
Não se enganara em relação à terra natal a que regressara? Não estaria duas povoações ao lado daquela que o vira nascer?
Não.
Este era o velho café onde em miúdo o Estrangeiro encetara uma volta ao mundo em oitenta segundos (o embrião de outras múltiplas viagens que mais tarde concretizaria) ao redor das mesas... da forma como só uma criança poderia realizar...
A intuição dizia-lhe que o empregado de balcão escondido atrás dum bigode branco deveria ser o mesmo desses dias... o grupo de senhoras idosas duas mesas à frente teria com certeza o hábito ritual do chá das cinco naquela mesma mesa desde antes do seu nascimento...
Porém, nenhuma reminiscência lhe provocavam e nada, para além de atónita curiosidade, lia nos olhares cruzados...
O Estrangeiro esquecera-se da pátria e a pátria esquecera-se do Estrangeiro... nada mais justo ou menos óbvio.
terça-feira, maio 06, 2008
Wake up song
Quão estranho é acordar com o eco de sonhos distantes nos ouvidos... materializarmo-nos de novo sobre a cama onde nos deitámos de véspera e acreditar-nos acabadinhos de chegar duma viagem que não nos caberia nos pés... E, todavia, esta é a mesma cama onde dormimos tantas vezes na nossa juventude, palco de segredos e mistérios bem ou mal desvendados... É estranho concluir que nenhuma viagem nos poderia levar tão longe quanto a cama que alberga a ausência que precede o primeiro dia do resto das nossas vidas...
segunda-feira, maio 05, 2008
Na terra natal dum estrangeiro
O Estrangeiro gostava do portão ferrugento da casa. Gostava da pintura gasta das paredes. Gostava das telhas cheias de musgo. Gostava até das ervas daninhas que se espalhavam pelo jardim.
Eram coisas que o alegravam, mas que o alegravam duma forma comedida, duma forma na margem duma certa desconfiança, pois, lá bem no fundo, o Estrangeiro sabia-se velho demais para ser feliz.
Aquela casa pertencia-lhe. Aparentemente ninguém mais a reclamara aquando da morte dos seus pais. Sim aquela casa era a sua, mas alguma vez poderia ser o seu lar?
Eram coisas que o alegravam, mas que o alegravam duma forma comedida, duma forma na margem duma certa desconfiança, pois, lá bem no fundo, o Estrangeiro sabia-se velho demais para ser feliz.
Aquela casa pertencia-lhe. Aparentemente ninguém mais a reclamara aquando da morte dos seus pais. Sim aquela casa era a sua, mas alguma vez poderia ser o seu lar?
sábado, maio 03, 2008
Para além da madrugada
Regressar a casa é como fazer o caminho da saudade ao contrário.
O estrangeiro sentou-se numa pedra do caminho.
É muito fácil ter saudade quando a distância defronte de nós é maior do que aquela que podemos percorrer num dia.
Que aconteceria ao chegar? Seria ele um estranho na sua própria terra ou um velho conhecido em casa alheia?
Não faltava muito para o descobrir...
O estrangeiro sentou-se numa pedra do caminho.
É muito fácil ter saudade quando a distância defronte de nós é maior do que aquela que podemos percorrer num dia.
Que aconteceria ao chegar? Seria ele um estranho na sua própria terra ou um velho conhecido em casa alheia?
Não faltava muito para o descobrir...
sexta-feira, maio 02, 2008
A Torre
" Despedias-te daquele dia com os olhos de quem deixa a alma para trás, como se no mais íntimo da alma humana, algo ou alguma voz, te dissesse que eras parte daquele lugar. Voltaste atrás para te certificares que não esquecerias da última visão daquela tarde, a Torre de onde os teus irmãos vigiavam o Mundo. E lá estava imponente e secreta, testemunha silenciosa dos guardiãos e das suas batalhas pelo conhecimento."
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