A sala da música era ampla e bem iluminada. Carregava ainda um eco inaudível de todas as melodias que um dia ali se haviam feito ouvir. Deste modo, o silêncio tornava-se asfixiante, não como uma ausência de som, mas como uma pausa na memória. Aproximei-me uma vez mais do antiquíssimo piano. Passei os dedos sobre o teclado, afagando a superfície estranhamente macia que me parecia ser feita de todos as mãos que daquelas teclas haviam feito magia. Teria sido muito fácil arrancar um lamento, um sorriso, um beijo do anjo adormecido... bastaria ter carregado fundo um acorde que me dançava nos dedos e se me esculpia na lembrança. Mas não, afastei-me do piano e sentei-me numa das cadeiras. Fiquei ali parado no meio do silêncio. Quem passasse diria que eu seria talvez o solitário espectador que chegou cedo demais para o derradeiro concerto do Amor.
Nem tudo começa aqui e nem tudo acaba aqui
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quinta-feira, janeiro 29, 2009
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1 comentário:
Que delícia de texto meu amigo!
Um grande abraço!
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