Jorge não é o mais apressado a levantar-se nem o mais despachado a vestir-se e, definitivamente, não é o mais lesto a sair para a rua.
Não é para admirar... pois vive num sonho desperto e em adormecida vigília.
Jorge é um bom dador de Tempo, como outros o são de sangue - oferece o seu tempo a causas nobres e dignas, fazendo a prospecção de perguntas tão pertinentes como:
"Porque é que nos dias de hoje ética é a mesma coisa do que estética?"
"Porque é que choramos e donde nascem as lágrimas?"
"Porque é que se gaba o amor dos pais quando eles preferem a estabilidade dos filhos àquilo que realmente os faria felizes?"
"Porque é que a guerra é tão impopular quando historicamente sempre teve muito mais saída do que a paz?"
"Porque é que as mulheres se apaixonam através do coração embora depois amem com a cabeça?"
"Porque é que surgem rachas nas paredes duma casa nova?"
"Porque é que tanta gente confunde tão orgulhosamente a sua realidade com o real?"
"Porque é que..."
Sei lá!... tanta coisa que a mim me deixaria perplexo e siderado...
Mas não a Jorge. Nada o perturba ou inquieta. Ele não receia o legado das profundezas das angústias e das dúvidas de todos os homens... Os labirintos infinitos de túneis impossíveis recebem-no com os braços abertos do vento e ele deixa-se perder por entre as imprevistas galerias que mergulham fundo no ventre do lado escuro da sua imaginação.
Só uma coisa: não lhe falem em solidão.
Não, não lhe falem em solidão. A solidão é uma condição sine qua non para o sucesso da sua missão, o que não a torna necessariamente mais aprazível.
E assim continua Jorge a sua jornada pelas grandes questões do imaginário do homem!
Até fazer 50 anos de vida conta fazer o levantamento exaustivo de todas as inquietações da humanidade... das inquietações, pois as suas respostas e soluções terão de ficar a cargo de outro dador benévolo de tempo...
É claro que este estado de situação durou apenas até que alguém já avisado da irreprimível propensão de Jorge para deambulantes pensamentos clamou:
- Jorge, desce à terra!
E, na realidade, que melhor reparo se poderia fazer de modo a contrariar a errática natureza dos homens?
Nem tudo começa aqui e nem tudo acaba aqui
Uma viagem conduzida por:
segunda-feira, agosto 11, 2008
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1 comentário:
.... E o Jorge desceu mesmo à Terra?
Gostei muito de ler este magnífico texto...
Abraço!!!
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