Na noite em que a Morte morreu, todos os homens e mulheres rejubilaram, julgando-se livres para viver para sempre... crianças planejavam nunca abandonar a escola primária, apaixonados renovavam juras de amor eterno, avós congratulavam-se com a futura oportunidade de conhecerem os trinetos, quadrinetos, etc.
As vozes elevaram-se aos céus, o vinho correu pelas avenidas, o fogo de artifício foi visto a partir dos desertos mais recônditos e inacessíveis.
Todos se alegravam excepto um homem de semblante carregado: ele já sabia que o Tempo parara no momento em que a Morte exalara o último suspiro... Este homem despedia-se do seu passado e perdia qualquer esperança no futuro.
Quando o sol nasceu no dia seguinte só esse homem permanecia acordado, com o olhar fixo nas cores da manhã...
Se algum dia um dia a nave mensageira de alguma civilização escondida por detrás das estrelas chegar à Terra, surpreender-se-à com o olhar vago e indefinido desta estátua. Irá compará-la com todas as outras figuras adormecidas pelo chão das cidades e dos campos, decidindo-se finalmente por levar consigo apenas esta outra mais estranha e insólita como legado final da humanidade.
1 comentário:
Um texto fabuloso... absolutamente....!
Um grande abraço!
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