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"Quantas promessas vivem fora de nós?" Lia-se na folha de papel cuidadosamente dobrada. O Burocrata voltou a olhar para o lacre quebrado. Devia ter prestado mais atenção ao selo antes de o quebrar, agora seria impossível reconstituir o brasão que escondia aquela intrigante pergunta. Pegou no telefone e perguntou à secretária quem deixara a insólita missiva. Alguém a deixara por debaixo da porta, ela limitara-se a recolhê-la e a deixá-la sobre a sua mesa de trabalho. O Burocrata levantou-se da sua secretária e caminhou até à janela. Quantas promessas viveriam fora dele? Haveria sobrevido alguma ao peso dos anos e das obrigações? Observou a rua lá fora. Defronte do edifício um homem olhava para cima. Estaria a vê-lo? O Burocrata escondeu-se atrás do reposteiro. O homem lá em baixo não movera uma pestana. Não, não o devia estar a ver. Alguém chamou o estranho. Ele deu meia volta e desapareceu na esquina mais próxima. O Burocrata abriu precipitadamente a janela e tentou ver sem sucesso quem chamara o estranho. Poderia jurar que fora essa mesma pessoa a enviar-lhe a mensagem lacrada.
2 comentários:
Também acho que sim... :)*
http://escritoemlaranja.blogspot.com
Um texto que nos faz pensar!
Um abraço!
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