Nem tudo começa aqui e nem tudo acaba aqui

Uma viagem conduzida por:

segunda-feira, outubro 29, 2007

A Aniquilação do Mundo


" - Formas mutantes do lado secreto da Lua enchem as noites há muito Tempo, desde que o primeiro Homem decidiu ser dono do Mundo... "

quarta-feira, outubro 24, 2007

A Cúpula Mágica

Eu sou o passageiro involuntário... o convidado inesperado... o hóspede na minha própria casa...

Por mais que o tente, não consigo deixar de olhar desconfiadamente para o amanhã, tal qual um jornalista preguiçoso que de véspera escreve uma notícia na cama, fiado num palpite, deduzindo a realidade dos factos que se avizinham com cega confiança nos seus falíveis instintos... Que embaraço olhar para a manchete do dia seguinte depois de fracassadas todas as minhas melhores intenções...

Ah!, mundo cruel que não se compadece da minha imaginação!...

sexta-feira, outubro 19, 2007

Uma pequena viagem interior...


Depois da travessia do grande estuário onde conheceu e ouviu histórias de outros companheiros de viagem, pareceu-lhe ser tão igual aos demais, nos sentimentos, angustias, desesperos e desejos que seguiu o caminho sózinho apesar dos convites para estar acompanhado.
Havia algo que o impedia de prosseguir com alguém ao lado... algo que o fazia pensar ser diferente. Ou então o seu caminho era o de um solitário onde lhe cabia uma história ainda por contar num Tempo ainda por desvendar...
A verdade é que ainda tentava saber o seu lugar num mundo desconhecido para ele, onde até o voo do pássaro lhe parecia mágico...

segunda-feira, outubro 15, 2007

O Regresso Adiado


" Ele sabia que tinha lá o seu lugar, a voz do seu passado tinha-lhe dito que poderia regressar quando desejasse.
O dia desse regresso ainda vinha longe, ainda estava de partida, mal tinha começado a sua viagem, a sua missão... porque todos temos uma...
Habitava agora em dois mundos e dois Tempos, um Tempo passado e um Tempo futuro...
Voltou ao caminho.
À sua frente um imenso Mar iria separá-lo ainda mais do improvável regresso, tentou não pensar nisso concentrando-se no modo como conseguiria atravessar mais este obstáculo que se deparava diante dele.
Nada o conseguiria deter e aquele não era mais que um momento de aprendizagem como tantos outros que se tinham deparado.
Ao seu lado outros como ele esperavam pelo barco que os levaria para a outra margem, o lugar "mágico" onde estranhos homens faziam "milagres".
Entrou no barco e ao mesmo Tempo o sol deitou-se no horizonte... "

quarta-feira, outubro 10, 2007

Terra de Ninguém

Querem saber porque é que eu vendi a minha casa e comprei uma autocaravana? Não é segredo, não o escondo de ninguém. Espero até que a minha história vos possa ser de alguma utilidade.

Eu trabalho em três lugares diferentes. Não vou dizer os nomes, adiantarei apenas as distâncias a que ficavam da minha antiga casa: 21 kms, 30 kms e 50 kms. Estas eram as coordenadas mágicas duma pirâmide imaginária que tinha como coração (um hipotético centro geográfico) o meu lar, herança dos meus pais que viviam apenas já na minha memória. Muitos eram os dias em que tinha de percorrer os três vértices da pirâmide que me pagava as contas: estava de manhã a 50 kms, à tarde a 21 kms e de noite a 30 kms. No início não me incomodava muito este périplo ...recordo que me regojizava até por ter o que me impedisse de ter pensamentos menos felizes ao longo do dia. Porém, certa vez olhei-me ao espelho retrovisor do meu carro e apercebi-me de que já não tinha 20 anos... Ao entardecer quando regressava dos 30 kms surgia a inesperada dúvida se percorrera aquele mesmo caminho naquela manhã ou na manhã de ontem ou anteontem... Apossava-se de mim um intrigante sentido de desorientação e inquietação... Os dias deixaram de parecer compridos para serem sempre o mesmo dia... continua e initerruptamente...

A páginas tantas a minha casa não era mais do que um lugar aonde eu ia dormir. Quantas vezes não percorria eu os 30 kms apenas para regressar outros 30 kms poucas horas depois? Que sentido tinha perder meia hora para um lado e para o outro se podia beneficiar muito mais dessa hora se me deitasse imediatamente? Quantas noites praticamente não adormeci com as mãos sobre o volante e não acordei com um arrepio na espinha?

Não lamento o que fiz... não me arrependo de ter cortado as raízes que me prendiam ao meu passado pessoal e familiar: não sei se isto é a liberdade, mas os meus valores, os meus ideais, a minha bandeira e a minha história são hoje a sombra da árvore que me abriga...

segunda-feira, outubro 08, 2007

Uma história em silêncio


"Lembrou-se dos dias passados na sua casa, na casa onde nasceu... tudo agora lhe parecia tão distante mas ao mesmo Tempo tão perto.
Olhou para o horizonte e pareceu-lhe que não conseguiria alcançar o cume daquele monte onde duas pequenas árvores o aguardavam... seriam reais? Ou apenas realidades de um outro Tempo, do seu próprio Tempo?
A sua caminhada tinha de continuar, agora aquele lugar era a sua casa... e... apesar de tudo sabia que não estava só... algo ou alguém o acompanhava e disso estava certo...
Sentou-se numa pedra, demoradamente olhou de novo a planície que deixou atrás de si.
Por momentos sentiu-se abalado com imagens do seu passado... dentro dele o Mundo parecia sufocá-lo.
Percebeu então que este era o seu Caminho, não seria possível voltar atrás... alguém, um dia, ao ouvir o seu silêncio entenderia, porque o silêncio fala mais que a própria verdade.
Deitou-se na erva verdejante daquele prado e olhou o céu até adormecer... aquela era a sua casa disso estava certo agora...
As árvores curvaram-se protegendo-o da noite... ao mesmo tempo entraram no seu sonho desvendando-lhe uma outra forma de sentir... agora também lhe era concedido viajar no Tempo... e de novo sentir-se embalado, olhando um sorriso que lhe era familiar..."

quinta-feira, outubro 04, 2007

"Uma árvore não esquece..."


Naquele Tempo ele não sabia se aquelas árvores algum dia serviriam de sombra ao caminho de alguém. Simplesmente as plantou lado a lado e, por debaixo das pequenas árvores, ainda com troncos frágeis, imaginou alguém que se sentaria naqueles bancos de jardim, conversando...
De repente lembrou-se que tudo aquilo... daquele espaço... seria visitado por quem nunca o viu nem nunca saberia quem ele era?... por momentos sentiu algo estranho... estaria ele esquecido no Tempo? Perdido num labirinto de uma qualquer existência?
Fez o que tinha a fazer...
Pensou para si mesmo... " O Tempo me lembrará... aquelas árvores sabem quem sou, e, de cada vez que uma criança brincar debaixo de uma árvore, plantada por mim, o vento fará ouvir o meu nome, porque uma árvore não esquece..."

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