Nem tudo começa aqui e nem tudo acaba aqui

Uma viagem conduzida por:

sexta-feira, março 30, 2007

Inquietudes


A inquieta sensação de os dias passarem sem que eu possa reescrever neles a minha história...
Saber que tudo o vento leva... tanto a saudade como o passado...
As incertezas de um destino que se cumpre...
Ao longe desenha-se um infinito que secretamente se esconde de mim...
que se esconde de todos nós,
Aguardo por aquela gaivota que no céu, um dia, me indicará o caminho.

domingo, março 25, 2007

Entre mim e as palavras



Poderei eu abandonar este carro na berma e inventar para mim um caminho novo, livre de medos e amarras ?

As estradas de alcatrão nada mais são do que um empecilho quando pretendemos voar nas asas da felicidade.

Este carro conduz-me na ilusão de que sou eu a conduzir.

Quantas vezes não me perdi em viagens que me levaram mais longe do que aquilo que eu pensava efectivamente poder errar?

Quantas vezes não estudei já o Mapa do Incidente que se tornou a minha vida?

Quantas vezes não acordei da exaustão da minha tristeza falhando em reconhecer como meu o toque do telemóvel que me despertava?

A linha do horizonte afigura-se-me um infinito degradé de distâncias... quão longe poderei realmente chegar?

E se eu encostasse já ali?

E se eu estacionasse mesmo debaixo da primeira árvore do último bosque antes da cidade?

E se eu pousasse a minha caneta e poupasse a próxima folha do diário das minhas inquietações?

Escrever é também, em certa medida, uma vaga, misteriosa e inesperada espécie de felicidade.

sexta-feira, março 23, 2007

Te Recuerdas?


Os dias fazem-nos lembrar dias em que por vezes uma única frase, ou palavra, nos remete para um tempo que nos parece tão presente como o dia em que o recordamos.
As ínfimas gotas daquela chuva de verão, soaram, naquela manhã, tão límpidas e luminosas que pensei habitar um sonho.
A tua presença era por mim sentida de uma forma tão intensa que me virei para te dizer como gostava de te ter a meu lado, mas tu não estavas lá...
Então pareceu-me ouvir-te dizer... "- Te recuerdas?"
E é claro que te recordava, claro que me recordava daquele Tempo... como hoje, neste instante...

domingo, março 18, 2007

O Outro Lado


E aquela melodia, de novo, soava em todo o bosque como um apelo ao imenso cosmos onde Deuses escutavam a voz da Vida.

sexta-feira, março 16, 2007

Sul

O meu destino fica a sul... Não tenho mapa, não tenho bússola, nem sequer sei ler os pontos cardeais, todavia sei que vou para sul...

O meu sul talvez não seja o sul geográfico... é donde venho e é para onde me dirijo, fica para trás e para diante.

De ninguém me despeço, ninguém me dá as boas vindas...

Mas virá o dia em que terei feito norte do sul e completado uma volta ao mundo... talvez nessa data nos reencontremos aqui, neste preciso local à mesma hora de outro dia igual a este... que dirás quando leres estas palavras sem lembrar (ou mesmo sem nunca teres conhecido) o tom da minha voz?

quinta-feira, março 15, 2007

O Todo



Para mim não é importante quem foi o arquitecto da mais deslumbrante paisagem, nem quem fez existir a complexa floresta, pouco me importa quem deu o perfume às flores, quem inventou o sorriso das crianças, quem foi o inventor do amor, da palavra, das cores... nada, mas nada disso me importa... porque o mais importante para mim é, QUEM é isso tudo ? Porque mesmo que me digam que foi Deus que fez isso, pouco me importa... o mais importante para mim é que Deus é isso tudo...

quarta-feira, março 14, 2007

Labirinto




Construímos um labirinto à nossa volta de coisas que nos liguem a uma realidade em que julgamos ser reis. Atulhados de crenças, ideias e amuletos para nos ajudarem a acalmar quando percorremos esse labirinto onde cada vez mais nos sentimos perdidos... porque cada vez mais estamos à deriva por não saborearmos um Tempo que não sabemos que existe...

terça-feira, março 13, 2007

Re Atar


Antigamente os livros eram sinónimo de conhecimento.

Depois os livros tornaram-se um produto.

E eis que hoje os livros contam a história do regresso dos que nunca partiram.

Basta passar os olhos na secção de livros do Hipermercado mais próximo.

domingo, março 11, 2007

À Escala do Coração


Pela escala do coração ninguém é maior que ninguém.

Na escala do coração a dor e o prazer são os dois lados da moeda que paga o preço da vida.

É à escala do coração que eu meço os actos e as palavras da humanidade... não pelo dinheiro, não pelas posses, não pelos títulos que ostentem à frente do nome.

sábado, março 10, 2007




A Verdade de um momento é a imagem à pergunta que ainda não tínhamos formulado...

sexta-feira, março 09, 2007

Fardo


Não sei se gosto mais de pensar por palavras ou por imagens...

Por imagens definitivamente: as imagens são mais puras e cristalinas... como retratos da minha alma.

Mais difícil é a escolha entre as minhas fotografias e os meus textos... Apesar de ter plena consciência de que as imagens sobrevivem melhor sem os textos do que os textos sem as imagens, isso não torna mais fácil a opção.

Fossem estes todos os dilemas e as dores de cabeça dum pobre caçador de palavras...

quinta-feira, março 08, 2007

No Labirinto Do Tempo



Normalmente as palavras escritas saem-me melhor que as palavras faladas... no entanto houve um tempo em que só as imagens falavam por mim... as imagens eram eu próprio, possuíam vida, a minha própria vida.
É estranho rever algumas dessas "frases"... apesar de ser eu próprio que me revejo, por vezes não sei quem era esse outro eu.

Aos olhos do momento


Estranha sensação esta de chegar atrasado ao cinema, entrar na sala às escuras e de repente perceber que o filme é sobre a minha vida.

Não me recordo de ter cedido os direitos da minha biografia aos estúdios de Holywood... Mas é certo que me esqueço da maior parte das coisas e que das outras já nem me lembro.

Serei mesmo eu aquela personagem trágica e cómica com quem os dias se cruzam como um carro passando despreocupadamente numa passagem de combóio sem guarda?

quarta-feira, março 07, 2007

O velho moinho de maré


Ontem fiz aquela pequena viagem de barco que me levou, em tempos, para uma realidade onde sómente tu e eu existíamos.
O velho moinho de maré foi sempre a testemunha dos sorrisos e cumplicidade que teimávamos esconder um do outro. Eu sentia-me seguro quando o olhava da janela escurecida do barco. Algo me dizia que aquele velho moinho guardava um segredo, que eu nunca desvendaria, nem queria desvendar. O segredo bem poderia ser o nosso futuro ou o nosso passado.
Hoje olhei demoradamente o velho moinho enquanto o barco passava. E lá estava, imponente, mágico, guardião de sonhos e esperanças. Olhava-me calmo e sereno enquanto eu, mais uma vez, me sentia seguro.
De repente o teu sorriso voltou a brilhar como antigamente dentro de mim e uma saudade imensa invadiu-me. Quis voltar para trás para te rever, no entanto, minutos antes, tinha estado contigo e não percebi o teu olhar ainda de menina a brilhar como dantes.
Despedi-me do velho moinho levantando a mão na sua direcção e pareceu-me vislumbrar um sorriso...
Que imaginação esta a minha!

Bom


Foi bom estar aqui um dia ...ainda assim, não sei se será correcto dar esta morada como sinónimo da felicidade.
As memórias vivem da traição da saudade ...mas a verdade é que me sinto bem aqui.
Sei que é bom voltar aqui, como se regressado a um dos locais sagrados do meu Ser.
Porque será que nunca te reencontrei em nenhuma das minhas romarias?
Em que tempo viverás tu agora?
Pode ser que vivas hoje num futuro recheado de brilho e luminosidade, zombando do meu apego a um negro e escuro passado...
Talvez nem sequer tenhas sido tu a roubar-me o presente ...talvez tenha sido eu a esquecê-lo num banco de jardim ou quem sabe se não me caíu da carteira numa travessa esquecida da cidade interior.
De cada vez que levanto os olhos tudo o que alcanço é que o deserto é uma miragem que vejo a partir do oásis do meu comodismo.

terça-feira, março 06, 2007

A Casa Da Aprendizagem





Por vezes damos um salto no modo como entendemos as coisas, as pessoas ou mesmo o mundo onde habitamos.
Um dia o meu avô contou-me uma pequena história (sabe-se lá onde ele a foi encontrar, pode muito bem ter sido o avô dele a contar-lha e ele contou-nos a nós...).
Na altura confesso (tinha por volta de 7 anos de idade) não entendi a mensagem.
É uma pequena história de dois meninos que nunca tinham visto o seu próprio reflexo.
Um dia a mãe pediu-lhes para não se aproximarem de um poço, ainda não tinham idade...
Os dois meninos eram muito diferentes em temperamento, embora fossem da mesma idade cada um tinha o seu próprio feitio e modo de ver as coisas...
Um dia decidiram chegar perto do poço e olhar lá para baixo... que segredo guardaria?
O primeiro a espreitar foi o menino de temperamento mais sisudo... olhou para baixo e assustou-se, lá em baixo estava um ser horrível a olhar para ele com uns olhos que parecia que o queria devorar... ele tinha visto um ser muito mau e certamente muito perigoso... tentou bater-lhe com um pau, mas o monstro lá em baixo pegou num pau ainda maior para lhe bater. Fugiu dali para fora... nunca mais se aproximaria daquele lugar...
O outro menino, embora apreensivo com o relato do seu amigo, resolveu ele próprio verificar como era aquele monstro, debruçou-se a medo e espreitou devagar... lá em baixo viu um animal, ou algo parecido a espreitar devagar também... recuou ligeiramente e o ser do poço também recuou... resolveu acenar-lhe e dizer adeus.... o ser do poço também lhe acenou e disse-lhe adeus. O menino sorriu e ficou espantado por aquele ser, tão simpático, também lhe ter sorrido. Afinal o seu amigo estava enganado mas que simpático aquele animal, ou ser, que habitava aquele poço tão escuro e feio... de certeza de que lá voltaria para brincar com ele... tinha feito um amigo!!

O modo como vemos o mundo resume-se numa pequena história que de tão simples impressiona... e que bela mensagem (pelo menos para mim foi) nos tentou passar.

Apesar de ter passado tantos anos ainda me lembro das histórias que o meu avô desencantava, não sei onde, e nos contava nas tardes de verão quando o calor se tornava insuportável para brincar lá fora.

Dentro de dentro


Na outra noite sonhei que me dizias que conhecias o meu segredo.

E, apesar de sentir o coração assustado, eu não tive medo.

Sabia que estava dentro de um sonho e que tu sabias o meu segredo apenas dentro do sonho.

Ah!, suprema ironia de saber que tudo é uma ilusão.

Talvez um dia eu te conte a verdade e então te possa confidenciar porque é que o sol mente e as palavras brilham.

segunda-feira, março 05, 2007



"As tuas marcas podem dizer muito, mas não consigo ler a tua mensagem...
A tua côr revela marcas do tempo, de um Tempo em que exististe sem saber que em cada dia caminhavas para uma viagem sem retorno, onde só as tuas recordações continuavam presas ao tronco que abandonaste.
Sei que depois de deixar este local só eu saberei onde te encontravas, em que local preciso da tua existência te olhei... e ainda te recordo, ainda recordo aquele outono... mas sei que não mais te irei ver..."

domingo, março 04, 2007

A Comédia Divina


Gosto de acreditar que a chave para a casa de Deus não é um pedaço de metal que nos introduza numa fria nave de pedra onde alguém com má cara nos interpela com um tom imperativo "É proibido fotografar!"

Algo me diz que a chave para a casa de Deus é uma verdade camuflada dentro de nós, um não sei quê informe e escorregadio, que poderia accionar essa engrenagem mágica que é um segredo acerca nós próprios.

Na minha opinião ninguém pode graffitar a verdadeira fechadura da casa de Deus.

sábado, março 03, 2007

Believe Or Not Believe?




" Entre o acreditar e o não acreditar habitam as nossas certezas... mas essas são só nossas... pelo menos isso..."

sexta-feira, março 02, 2007

O último barco


Procurei bilhete para o último barco com partida para a Felicidade.

Comprei-o ou não comprei?

Talvez tenha feito a reserva e depois esquecido de o levantar.

Este imperdoável esquecimento deixou-me do lado de lá da saudade.

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