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Uma viagem conduzida por:

terça-feira, março 06, 2007

A Casa Da Aprendizagem





Por vezes damos um salto no modo como entendemos as coisas, as pessoas ou mesmo o mundo onde habitamos.
Um dia o meu avô contou-me uma pequena história (sabe-se lá onde ele a foi encontrar, pode muito bem ter sido o avô dele a contar-lha e ele contou-nos a nós...).
Na altura confesso (tinha por volta de 7 anos de idade) não entendi a mensagem.
É uma pequena história de dois meninos que nunca tinham visto o seu próprio reflexo.
Um dia a mãe pediu-lhes para não se aproximarem de um poço, ainda não tinham idade...
Os dois meninos eram muito diferentes em temperamento, embora fossem da mesma idade cada um tinha o seu próprio feitio e modo de ver as coisas...
Um dia decidiram chegar perto do poço e olhar lá para baixo... que segredo guardaria?
O primeiro a espreitar foi o menino de temperamento mais sisudo... olhou para baixo e assustou-se, lá em baixo estava um ser horrível a olhar para ele com uns olhos que parecia que o queria devorar... ele tinha visto um ser muito mau e certamente muito perigoso... tentou bater-lhe com um pau, mas o monstro lá em baixo pegou num pau ainda maior para lhe bater. Fugiu dali para fora... nunca mais se aproximaria daquele lugar...
O outro menino, embora apreensivo com o relato do seu amigo, resolveu ele próprio verificar como era aquele monstro, debruçou-se a medo e espreitou devagar... lá em baixo viu um animal, ou algo parecido a espreitar devagar também... recuou ligeiramente e o ser do poço também recuou... resolveu acenar-lhe e dizer adeus.... o ser do poço também lhe acenou e disse-lhe adeus. O menino sorriu e ficou espantado por aquele ser, tão simpático, também lhe ter sorrido. Afinal o seu amigo estava enganado mas que simpático aquele animal, ou ser, que habitava aquele poço tão escuro e feio... de certeza de que lá voltaria para brincar com ele... tinha feito um amigo!!

O modo como vemos o mundo resume-se numa pequena história que de tão simples impressiona... e que bela mensagem (pelo menos para mim foi) nos tentou passar.

Apesar de ter passado tantos anos ainda me lembro das histórias que o meu avô desencantava, não sei onde, e nos contava nas tardes de verão quando o calor se tornava insuportável para brincar lá fora.

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito bonita esta história, Passageiro...

Fez-me lembrar as histórias que a minha bisavó contava e repetia a cada domingo.

Eu ouvia-a sem cansar com os seus 101, 102, 103, 104 anos, fazendo-lhe companhia e vivendo as histórias de outros tempos...

Com os meus 18 anos a bisa teve de ir embora, mas recordam-se as histórias. Elas permanecem e avivam-se sempre que ajudadas por relatos como o que partilhaste.

É bom recordar.
Abraço.

A. M. Catarino disse...

ã maravilha das histórias de sempre

;-)

um grande abraço

Anónimo disse...

Afinal o que somos nós?...
Talvez o reflexo dos nossos actos?...
Um texto para reflectir
Uma mensagem...
Obrigado Passageiro do Tempo.
Abraço de alma
Sissi

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