Nem tudo começa aqui e nem tudo acaba aqui

Uma viagem conduzida por:

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Longe de Ti


Porque será que é precisamente quando estás tão perto que o meu bafo bate em ti devolvendo o calor à minha pele que te sinto mais longe?

Na tua ausência vejo-te Aqui com os olhos da saudade.

Vejo-Te mesmo, através do olho do meu amor.

Não haverá um barco que eu possa tomar para subir o rio da Vida rumo à cidade que tu És?

Não poderei eu ainda um dia deslumbrar-me com a visão da chegada junto ao porto que atraca em Ti, desembarcar na luz da tua Presença e subir as estreitas e labirínticas ruas que levam à casa onde vive a tua Verdade Absoluta?

Em que língua me poderia responder uma Ilusão?

terça-feira, janeiro 30, 2007

A Torre Sem Nome


O lugar do Tempo surge nos meus sonhos,
lado a lado com imagens desesperadas,
de árvores que procuram abrigo,
na velha Torre sem nome.

Saberão as árvores dizer,
se na roda da Vida,
valerá procurar abrigo,
mesmo sabendo que não se o tem?

A dor ar



A dor ar...

A dor é o ar que inspiro e expiro.

A dor é o tudo à volta e o nada em redor.

A dor respira-me e pensa para com os seus botões que eu sou um tipo de poluição que urge combater.

A dor decide que chegou a hora de me proibir em todos os recintos fechados e em todos os espaços abertos.

A dor aumenta-me o preço e calcula montantes para as multas a aplicar caso alguma das suas irmãs tente sacar-me de dentro dum maço de melancolia.

Ai de quem seja doravante apanhado a fumar a minha dor!!!

sexta-feira, janeiro 26, 2007



Sinto-me suspenso pela Luz que me envolve e à qual pertenço,
faço parte daquele lado de lá,
onde escuto,
outras formas de existência.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Debaixo dum céu impossível



A minha sombra é a prova científica da existência do centro de gravidade da luz do sol, mas a verdadeira Luz fica para lá do contorno das pessoas e das coisas... fica onde há uma completa ausência de escuridão ...e aí as sombras não têm lugar.

Era uma viagem a empreender, largar tudo e partir em demanda desse lugar onde nada vive ou morre aos meus pés... mas, desafortunadamente, a minha pele é muito mais do que uma casa cheia de Nada.


Serei comedido em relação a esta questão - contentar-me-ei com o facto do meu corpo ser um ponteiro do relógio que dá as horas à Eternidade.

terça-feira, janeiro 23, 2007

No Dia Em Que A Natureza Chorar

Sempre gostei da andar à chuva. Hoje foi um dia desses...
No entanto senti que algo não estava bem, ou era eu, ou algo à minha volta...
Havia alguma mensagem algures naquele Parque, pensei eu.
Imaginação minha certamente... mas aquela estátua parecia ter lágrimas, seria essa a mensagem? Que coincidência.... a gota estava exactamente no lugar e Tempo certos. Eu também estava no lugar certo para testemunhar e fotografar o momento...

domingo, janeiro 21, 2007

Porta com porta


Acordo todos os dias como se num sonho estivesse. Uns dias o sonho é bom noutros é mau - por vezes é mesmo um pesadelo.

O despertador também sabe tocar dentro dum sonho, sabiam?

Quando saio para o trabalho nunca sei qual foi a porta por que saí... Saí pela porta da realidade ou pela porta do sonho? É difícil dizer, elas ficam uma ao lado da outra, como o reflexo produzido pelo espelho duma realidade paralela onde o limite é a imaginação.

Eu sei que não é desculpa, mas a verdade é que eu sou um pouco distraído. Já me aconteceu sair pela porta da realidade e deixar a chave na porta... À noite quando cheguei a casa procurei a chave em todos os bolsos, acabando por encontrá-la na fechadura. Tive sorte, ninguém deu por ela... mas entrei em casa auto recriminando-me ferozmente.

É usual deixar a chave na porta dos sonhos, faz sempre falta uma pitada extra de ilusão nessa grande ilusão que é a vida. Também já me aconteceu trazê-la por engano no bolso da minha mente... foi um dia muito estranho e bizarro: é insólito ver os sonhos dos outros quando temos os nossos próprios sonhos fechados em casa.

Nunca mais!

Mas o que ia ter piada era era um dia esquecer-me da chave na porta dos sonhos quando estivesse mergulhado num sono profundo e fecharem-me dentro do sonho.

E talvez tenha sido isso mesmo que aconteceu... que provas tenho eu do contrário?

Como saimos dum sonho se não sabemos que estamos a sonhar?

Hmmm... Preciso de alguém que me acorde.

sábado, janeiro 20, 2007

Vermelho frio


Ilusões numa cidade fria,
resgatam a alma para os confins dos sentidos.
Revejo-me e não me conheço neste lugar,
onde as metáforas da realidade,
me levam para lugares sem destino.

Além, onde a catedral se ergue,
a noite é rasgada pela sua côr,
ao luar de um vermelho frio,
sinto o que ninguém sonha,
procurando a sombra de uma flôr.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

As duas luas


Tenho duas luas na minha sala. Há duas luas cheias a adornar o céu do meu mundo. As marés dos 70% de água por que é constituido o meu corpo vão e vêm ao sabor dum acende/apaga nos meus dedos. A astrologia do signo da minha vida resume-se ao acender e apagar do interruptor. Tenho o destino na ponta dos meus dedos.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Histórias Na Floresta Mágica


Acordo e vejo-te,
estás a caminho de um lugar,
onde irás perguntar a ti mesmo,
porque razão a tua sombra não te acompanha...

Lá, onde não existem sombras, é onde nascem os sonhos,
é onde nasceu o Universo,
é onde tu e eu pertencemos...

Escuta o silêncio, o teu silêncio...

Dá-me a mão... eu guiar-te-ei...

Na boca de mil demónios dum buraco negro esconde-se sempre um segredo de Luz.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Gaivotas em terra


"Gaivotas em terra, tempestade no mar." Diz o provérbio.

Mas quando a tempestade for no nosso coração qual será o sinal?

Quem são as gaivotas e onde é a terra quando se anuncia uma tempestade no coração?

Hmm...

Palavras desconexas na boca, tempestade no coração?...

"Hoje o dia está muito bonito, só faltava passar aqui um jacto supersónico para ensurdecer o grito a dizer AMO-TE que está entalado na minha garganta!" Diria com os meus olhos se a minha imaginação não fosse refém das palavras mal engendradas pela minha mente.

Ah!, a magia das palavras grávidas de imagens!

domingo, janeiro 14, 2007

Escrito nas folhas


Nesta manhã serena e secreta, tento ler nas folhas qual o meu destino, talvez um dia saberei a mensagem que os deuses guardam para mim.
Procuro não lhes tocar para que o segredo continue como foi enviado.
A brisa da manhã deixa cair algumas "letras" desta mensagem que ao anoitecer me foram enviadas.
É sómente a Natureza a dar-me a ajuda que pedi.
De repente tudo faz sentido, mais uma lição aprendida... quando um momento nos é dado, quer seja pelo destino ou por outra razão qualquer, há que ter consciência de que esse momento nunca se repetirá. Nunca mais aquelas gotas, que habitavam na folha antes da brisa as ter levado voltarão a estar naquele lugar, naquela hora, naquele Tempo.
Da próxima vez, e sempre que puder, direi o que possívelmente nunca mais poderei dizer, porque nada se repete... porque as minhas palavras poderão perder-se para sempre, como aquelas gotas...

Velocidade da Luz


Encostara o meu carro à berma. Cansaço talvez. A viagem durava há muito, mas só agora era altura do regresso a casa. Tentei calcular dali a quantas horas poderia dizer "lar doce lar". Podia contar com todo o tempo que gastara até chegar àquela vereda e mais ainda o imposto de valor acrescentado inerente a um dia que já ia longo.

Aspirei o ar frio da noite que implacável se aproximava. Íria fazer toda a viagem às escuras, atravessando longas extensões de estrada que passavam por lugar nenhum. Talvez o carro avariasse, talvez não houvesse rede de telemóvel, talvez eu adentrasse a noite escura, como quem mergulha num passado distante, onde não há carros, nem telemóveis, nem bilhetes de identidade, e a manhã encontrasse apenas o meu carro abandonado na borda da estrada, porta aberta e o rádio a cantar uma canção para ninguém.

Um carro dobrou a curva e aproximou-se de mim encadeando-me com a luz branca dos seus faróis e desapareceu para trás das minhas costas.

Um carro passou de cá para lá, deixando uma memória vermelha que se gravou a fogo no meu olhar, continuando a ver-se mesmo muito depois de se ter desvanecido para além da curva.

Os dois carros cruzaram-se no meu olhar, talvez à velocidade da luz, e levaram-me para norte e para sul, para poente e para nascente, para ali e para além... o meu carro ficou com a porta aberta, o rádio continuou a cantar uma canção para ninguém.

sábado, janeiro 13, 2007

Sexta-feira 13


Sexta-feira 13...

Esta frase revela todo o embuste que nos rodeia acerca da verdade.

Enquanto eu dizia Sexta-feira o relógio deu o salto mágico para o dia seguinte e 13 é realmente o sábado que sucedeu à Sexta-feira.

Assim, ao fim ao cabo, e embora houvessem já homens dispostos a morrer pela Sexta-feira 13 (os fundamentalismos são um dos fenómenos humanos mais populares) na realidade "Sexta-feira 13 Sábado" sucede a "Quinta-feira 12 Sexta-feira".

sexta-feira, janeiro 12, 2007

A Árvore Da Luz

Não quero escrever das guerras, hoje,
nem tão pouco do Homem que tira a Vida a outro Homem.
Hoje quero sentir o vento da Vida,
o sopro da existência que sai de uma qualquer árvore,
simplesmente tocando-lhe.
Quero sentir o olhar das crianças quando não sabem onde estão,
para as apaziguar e fazê-las sentir seguras.
Quero saber voar para ver o mundo de que faço parte,
não para ser dono de alguma coisa, mas para vislumbrar onde me foi concedido habitar.
Quero ser aquela ave, a que voa mais alto que uma montanha,
aquela que me disse um dia,
"vem, acompanha-me, vou mostrar-te o meu mundo, aquele que os Homens não querem partilhar".
Quero ouvir a melodia de um amanhecer,
juntamente com toda a Humanidade, em silêncio, e em todos os cantos do mundo.
Quero congelar todos os momentos para os levar comigo até à Eternidade,
porque desse lado não há um Tempo, esse lado é o Tempo,
e nesse Tempo estaremos Todos juntos... novamente.
Quero sentir o que ainda nem os sentidos entendem,
quando vejo a verdade ser usada em nome da destruição e morte.
Quero entender o meu lugar num Universo que um dia me fez existir,
juntamente com tudo o que me rodeia...
Quero perceber a árvore que um dia deixou passar a Luz,
para que eu soubesse, nesse mesmo instante, como seria estar perante Deus.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

A Caminho


E a melodia levava-me a um lugar onde eu tocava o céu, onde eu descrevia um arco num imenso azul.
Ao sabor do vento eu olhava o Caminho... e voava... tendo aves a meu lado como guias, pégasos como companheiros e um Tempo infinito dentro de mim...
Os Deuses lá em cima olhavam-me como se fosse um deles... porque nada, mesmo nada me conseguiria deter no meu Caminho...
E sempre a melodia dentro de mim a guiar-me mais além, para mais além.... para o lugar dos sonhos, para um lugar onde habita a essência de todo o Universo...
Sinais vindos do céu em forma de música alimentavam a minha alma, e eu sabia que o Caminho era este mesmo...
E a caminhada prossegue... o grupo agora é enorme, todos juntos somos um cometa de Luz, onde de mãos dadas, entramos no mundo dos sonhos...

terça-feira, janeiro 09, 2007

O jornalista do dia sem notícias

Coube-me em sorte, de acordo com o novo decreto-lei que estipula que todos os cidadãos devem ser jornalistas por um dia, a data de hoje para levar o noticiário à vasta comunidade humana que se espalha pelos quatro cantos do planeta.

Devo concluír que de facto sou uma pessoa pouco afortunada, pois nenhum evento digno de nota ocorreu durante aqueles que deveriam ter sido os meus 15 minutos de fama.

Não caíram aviões, nenhuma guerra se iniciou, zero barcos naufragaram, não houve atentados terroristas, não se registaram acidentes de trânsito e sobretudo, azar dos azares, ninguém morreu.

Assim sendo, resolvi encher o telejornal mundial com imagens do bater das ondas na praia.

Não sei se houve reclamações, telefonemas indignados, vozes iradas, mas o facto é que, recordem, hoje não houve nada de significativo... não aconteceu nada de mau no mundo - deixarei apenas este facto a abonar em minha defesa.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Um porto que me abrigue


A minha sina é vogar
de lugar em lugar,
A minha nau
não é feita de pau,
É feita de histórias
que me abarrotam a memória,
Ocupam todo o espaço
e não me deixam ver o que faço,
E por mais que me afadigue
não encontro porto que me abrigue,
A minha armada não é invencível
embora a demanda seja imperecível...
Recorda-te de mim quando enfim
naufragares também tu neste mar sem fim.

O Tempo do Sonho


Para algumas tribos australianas antes de toda a existência (antes do mundo existir, homens, animais e plantas ) existia o Tempo do Sonho.
Interessante esta "lenda" aborígene.
Quem sabe se tudo o que existe foi de facto o sonho de alguém, de uma qualquer "coisa", Deus se quisermos.
Seremos um sonho feito realidade, ou, variávelmente, uma realidade que não passa de um sonho?
A verdade é que possuímos uma percepção muito limitada do que é possível...

domingo, janeiro 07, 2007

O Livro dos Dias


Saber ler os dias como quem lê um livro é saber ver em cada segundo uma letra, em cada minuto uma palavra, em cada hora uma frase, e descobrir nas pequenas ninharias a que ninguém dá importância uma linguagem mais antiga do que a própria mente que inventou todas as linguagens.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

"Uma outra viagem..."


Há momentos inesquecíveis que, como já referi aqui, nos marcam pela simplicidade e ao mesmo tempo pela grandiosidade do momento ou acontecimento... ou simplesmente seja eu que me deixe deslumbrar com isso...
Uma noite, já bem pela madrugada dentro, caminhava pelo corredor do hospital onde se amotoavam macas com doentes que, a muito custo, tentavam descansar apesar do barulho de vozes e do "entra e sai" constante de quem aí trabalha.
Reparei numa senhora bem idosa que olhava para os soros que tinha pendurados no suporte perto da sua maca com um sorriso sereno. Não sei a razão de ter reparado nela, mas certamente algo me despertou a atenção, quase tenho a certeza de que eram os olhos grandes que tinha, raro em pessoas idosas, mas mais raro era a intensidade com que me olharam quando passei. Sorri-lhe e disse boa noite, ela levantou um dedo e chamou-me.... queria saber as horas... eram, mais ou menos, 5 horas da manhã. Ela agradeceu com o seu sorriso sem fazer qualquer esforço, o que me deixou quase perplexo... àquela hora, num local daqueles, aquele sorriso teve um brilho impressionante. E sim era isso mesmo, era aquele sorriso, sereno e calmo que me fascinou. Parecia não pertencer àquele corpo, nem àquele tempo... era um sorriso de quem aceitava o que a vida lhe dava, serenamente, com uma luz tão intensa que eu poderia ficar ali horas admirando-o.
Perguntei-lhe o nome e respondeu-me que se chamava Ana. Disse-lhe que Ana era também o nome da minha filha, que era ainda uma bébé... disse-me então, sempre com aquele sorriso lindo, que "um dia já fui uma bébé..." e riu muito discretamente... " há muito muito tempo.... tenho agora 97 anos... agora aguardo outro nascer, uma outra viagem...".
Disse isto continuando a sorrir.
Fiquei sem saber o que dizer. Perturbou-me de algum modo as suas tão verdadeiras palavras.
Despedi-me e fui-me embora.... ela lá continuou... a aguardar pela sua viagem... serenamente, com aqueles olhos e sorriso que revelavam uma lucidez inquietante, uma coragem e força descomunais.
Nalgum canto do Universo esta senhora existe ainda, quem sabe se acarinhada como se fosse novamente uma bébé... com o mesmo sorriso... com o mesmo olhar...

O vôo secreto


Uma fotografia talvez seja o equivalente a uma canção na óptica dum surdo-mudo... a pauta dos sonhos não cabe numa folha de papel, mas ocupa muito pouco espaço num coração que dorme no olhar do pássaro que voa dentro de nós.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Salto no Tempo


Não me quero hoje aqui, neste lugar, nesta hora e nesta vida... no entanto sei que temos de continuar...
Um apelo no voo daquela gaivota surge no meu espaço mental como uma mensagem, talvez seja eu a desejar isso mesmo.
As palavras que o vento me conta fazem-me sonhar, o voo das aves lembram-me um Tempo que já não existe... lembram-me um Tempo de sonho em que, eu próprio, voava...
A carruagem que nos leva teima em não nos ouvir, teima em nos deixar surdos em relação a outros como nós...
Olho para trás, a gaivota que esteve perto de mim olha-me e lança-se num voo como que a convidar-me a acompanhá-la.... e eu vou...

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Ex-torturas



Estruturas a toda volta asfixiam-me,
como se me manobrassem,
tal qual fosse eu uma marioneta,
como se um grua gigante se estendesse por todo o espaço onde gasto as solas dos meus sapatos,
puxando os cordelinhos a todos os meus movimentos,
com sacudidelas grotescas mas cirúrgicas,
onde eu estive hoje seguiu-me sempre uma sombra ameaçadora...
nunca consigo distinguir a sombra dum prédio da grua mãe que me sentou nesta cadeira a escrever estas palavras
um puxão suave
e eu teclo
t-e-c-l-o
letra a letra
até formar as palavras
bizarramente irreais no monitor do meu computador...
estas palavras que leio agora são estranhamente ambíguas
são reais e irreais...
podia apagá-las todas
ou pelo menos as últimas...
não faço a mínima ideia de como continuar este texto
sei que terminará com a expressão-trocadilho que dá nome a este post
"ex-torturas", variação-delírio fonético de "estruturas"...
(pausa para reler)
a grua mãe continua a sacudir os cordelinhos
c-o-r-d-e-l-i-n-h-o-s
e as palavras continuam a ter uma natureza relativamente precária
se as escrevesse numa folha de papel talvez pudesse amarrotá-la e deitar para a caixa dos papéis,
e quem sabe alguém a descobrisse um dia numa linha de reciclagem de papel e exumasse este instante,
mas se eu decidir apagar estas linhas do computador
elas perder-se-ão para todo o sempre
este momento desfar-se-à em fumo na chama viva da minha memória
do meu "estar vivo aqui e agora"

(pausa para pensar - continuo sem saber como saltar para a palavra final deste texto que tem princípio e um fim, mas se perdeu perigosamente pelo labirinto do meio)

Uma grua gigante brinca comigo
como se eu fosse um boneco nas mãos do Mestre dos Marionetas
e esse Mestre das Marionetas sou eu próprio
só que não conheço o argumento da minha vida
posso apenas extrapolar, sonhar, recordar...
Estruturas a toda a volta asfixiam-me,
gostava de estar num monte tão alto onde o céu aberto me convencesse de que não há fios presos aos membros
e eu pudesse dançar uma dança maluca
uma dança da liberdade
onde se me pudesse ver sem ter nenhum espelho por perto
ver-me, mas ver-me mesmo
e onde as estruturas fossem ex-torturas.

terça-feira, janeiro 02, 2007

As pequenas coisas estão em harmonia com tudo o que nos rodeia... até as folhas caídas de uma árvore prometem mais do que parecem...

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Quando o telefone toca



Há músicas que me tocam mais do que o meu gira discos as toca a elas... melodias e palavras que que me enchem a alma.

Mas há algumas canções em que a voz soa como um toque de telefone singular... como que pedindo que eu atenda nalgum lugar escondido dentro de mim...

- Alô?

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