
Poderei eu abandonar este carro na berma e inventar para mim um caminho novo, livre de medos e amarras ?
As estradas de alcatrão nada mais são do que um empecilho quando pretendemos voar nas asas da felicidade.
Este carro conduz-me na ilusão de que sou eu a conduzir.
Quantas vezes não me perdi em viagens que me levaram mais longe do que aquilo que eu pensava efectivamente poder errar?
Quantas vezes não estudei já o Mapa do Incidente que se tornou a minha vida?
Quantas vezes não acordei da exaustão da minha tristeza falhando em reconhecer como meu o toque do telemóvel que me despertava?
A linha do horizonte afigura-se-me um infinito degradé de distâncias... quão longe poderei realmente chegar?
E se eu encostasse já ali?
E se eu estacionasse mesmo debaixo da primeira árvore do último bosque antes da cidade?
E se eu pousasse a minha caneta e poupasse a próxima folha do diário das minhas inquietações?
Escrever é também, em certa medida, uma vaga, misteriosa e inesperada espécie de felicidade.
2 comentários:
AS nossas escolhas dependem de nós próprios ... só nós podemos decidir seguir ou ficar.
Beijos
Li e reli.... e acho deslumbrante o que escreveste!
Grande abraço!!
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