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terça-feira, fevereiro 19, 2008

A Genealogia do Tempo

Eu aspirava o ar puro da Rua do Horizonte, perdendo o meu olhar algures entre a terra e o mar, quando aquele estranho personagem me abordou com ar de vago mistério, tomou-me o braço e, apontando a casa do outro lado da varanda para o vale, sussurrou-me ao ouvido:

- Já reparou que nesta casa, uma vulgaríssima casa , uma casa como outra qualquer, a esta hora do dia se lê o futuro e se revelam todos os segredos do passado? É só preciso saber desvendar, é só preciso saber decifrar... Concorda?

Olhei-o como que estremunhado e respondi:

- Com corda ou com cordão interessa é agarrar o presente... o hoje... o agora...

O homem largou-me o braço abruptamente e afastou-se espreitando-me por cima do ombro com mal disfarçado despeito... Resmungou qualquer coisa entredentes... Não percebi se dizia "A corda" ou "Acorda"...

1 comentário:

Passageiro do Tempo disse...

Ainda hoje eu não sei revelar os segredos do meu passado... talvez porque... nunca entrei nalguma casa como esta....

Magnífico texto!!!
Grande abraço!

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