Nem tudo começa aqui e nem tudo acaba aqui

Uma viagem conduzida por:

sábado, março 14, 2009

A Decisão do Imperador


O Imperador decidira reformar-se do amor. Cansara-se das suas vicissitudes e incertezas, preferindo a melancólica tranquilidade da solidão. Decidiu partir para parte incerta, empenhado em não tornar a cair nas garras da paixão... o seu corpo exibia ainda as mal cicatrizadas feridas de 1001 noites de amor. Escolhera nas cavalariças os melhores e mais rápidos corcéis à sua disposição, não fosse dar-se a fatalidade de ser localizado pelo Amor!



Quando todos os preparativos estavam por fim assegurados (sim, que a viagem dum Imperador não é coisa que se execute de ânimo leve!) partiu na sua expedição rumo ao esquecimento. Todos os seus soldados o acompanharam na gazeta ao Amor, escolhendo servir o soberano em detrimento do mais nobre dos sentimentos... A verdade é que já não era de agora que o desencanto em relação ao Amor grassava um pouco por todo o Império.



Após algum tempo, o Tempo cristalizou-lhes o coração. O Imperador e o seu séquito tornaram-se frios e insensíveis. Dentro do peito não lhes restava mais do que um pedaço de vidro. Cansados daquele limbo emocional, sentiram saudades da Dor... Só que no dia em que pretenderam regressar ao convívio do Amor, descobriram que jamais poderiam voltar: o Amor esquecera-os, apesar de eles, malgrado todos os esforços, jamais terem esquecido o amor... "Talvez seja preferível ficarmos por aqui." Murmuraram entre si. "Quem sabe um dia o Amor não fique com saudades de nós?"

2 comentários:

Passageiro do Tempo disse...

Sentir dôr é sinal de vida... !

Grande texto, grande trabalho este, parabéns!


Um grande abraço!

Marisa Fernandes disse...

Será?
E se o Amor nunca tiver saudades de nós porque se habituou à ausência?
...

:)

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