Nem tudo começa aqui e nem tudo acaba aqui

Uma viagem conduzida por:

sábado, janeiro 24, 2009

Réquiem

O Palácio encontrava-se todo engalanado para a cerimónia daquela noite. Tudo estava imaculadamente limpo e cada coisa no seu lugar. Muitos dos compartimentos haviam sido fechados ao público. Os seguranças vigiavam com aquele olhar de falsa indiferença. A guia explicava que muitas das portas que víamos ao longo das salas eram também falsas... pintadas na parede. Deixei-me ficar para trás e acerquei-me de uma delas, verificando que a maçaneta efectivamente estava para além do alcance da minha mão. Apressei o passo para apanhar de novo o grupo. Um estalido atrás de mim, fez-me voltar a cabeça mais uma vez para a porta fingida. Não posso descrever o que senti quando constatei que estava agora entreaberta... Uma silhueta espreitava-me da semi-obscuridão da porta falsa. Antes que pudesse esboçar um movimento a porta fechou-se novamente. Tornei a aproximar-me. A maçaneta continuava a ser um mero desenho na parede. Tacteei a superfície suave da pintura. Não havia dúvida que era apenas uma parede. Suspendi a respiração e encostei a cabeça à porta mentida. Poderia jurar que do lado de lá alguém fazia precisamente o mesmo... Será que somos nós que vemos as miragens ou serão as miragens que nos vêem a nós?

2 comentários:

Passageiro do Tempo disse...

WOW! Que texto!
Eu desejava que as miragens não fossem só isso... e acredito que nos olham, como nós as olhamos!!!

Um grande abraço!

a ALMA das IMAGENS disse...

Miragens??...
...consegiste transportar-me a este fsntástico mundo irreal... ou será real?.
Obrigado A.M. Catarino.
Saudades.
Abraço de alma.
Sissi

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