
Olhei para trás. Sentara-me numa pedra à beira da estrada. Estava cansado da longa jornada. Tão cansado, que, ao olhar para trás, fiquei espontaneamente surpreendido com todo o caminho já percorrido. O ponto de partida perdia-se para lá dos incontáveis montes já torneados. Nunca acreditaria ser possível transpor tamanha distância apenas pelo meu próprio pé, e todavia...
E então olhei para a frente... Era tal e qual o caminho que via atrás de mim, só que invertido. Passaria perfeitamente pelo reflexo dum espelho mágico. Medi bem a distância ao percurso que me faltava percorrer. Era impossível saber se aquilo que me aguardava até ao fim da estrada era apenas um labirinto invertido do caminho já feito, ou se algo de novo me esperava para além da linha do horizonte.
A bem dizer, tinha duas opções, ou voltava para trás, caminho seguro e que já conhecia, ou seguia em frente, correndo o risco de ser surpreendido pela noite em campo aberto.
Espreguicei-me ainda sentado na pedra. Voltei a olhar para trás e de novo para frente. Poisei os olhos nas minhas botas. Estavam sujas pelo pó da estrada. Levantei-me e olhei mais uma vez para um lado e para o outro. Abandonei a estrada e embrenhei-me no meio do mato.
2 comentários:
Fizeste a esclha certa... seja o que for que ficou para trás... é em frente que devemos andar... e sempre...
Um grande abraço!
Lindo texto. :)
Para a frente é que está o caminho.
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